quarta-feira, 24 de junho de 2015

Paulo Freire: Desobediência Civil e o Diálogo Igualitário.



Paulo Freire: Desobediência Civil e o Diálogo Igualitário.

    Entre as duas palavras mais fortes presentes na pedagogia de Paulo Freire estão: Diálogo e Cidadão Agente da História.
    Eu não posso colocar palavras minhas na fala de Paulo Freire, mas posso produzir várias que sua pedagogia crítica desperta em mim. Não lembro de ter lido em seus livros sobre educação a palavra ou termos ligados à Desobediência Civil, mas em minha crítica pessoal aos opressores, eu elaboro a máxima: Se os governantes, se os ricos não escutam nossa fala, nós não vamos obedecê-los.
    O Diálogo Igualitário é uma máxima que eu elaboro dentro do que eu aprendi com Freire, mesmo ele não tendo necessariamente cunhado este termo. Em uma sociedade justa, os governantes e os patrões devem ouvir as massas populares. Se as massas não forem ouvidas: Não devem obedecer. A Desobediência Civil é a única forma de lutar por nossos direitos.
    Não falo de um diálogo de obedecer ordens. Falo de um Diálogo Igualitário onde todos são iguais. Em princípios de uma sociedade e de um mundo perfeito, onde reine e igualdade econômica e de poderes. Para esta igualdade ser real, as “ordens”, as falas e as opiniões têm que ter o mesmo peso e valor: Isto é o Diálogo Igualitário.
    Começo fazendo uma crítica à Paulo Freire. Nos países onde o marxismo triunfou, a qualidade de vida das pessoas pioraram. Freire morre em 1997 sem se libertar desta falsa ilusão chamada marxismo, mesmo tendo intenções totalmente corretas, justas e humanas. Eu particularmente só me liberto do marxismo em 2013. Karl Marx nunca quis a igualdade econômica, isto é uma falsa propaganda que engana grande parte dos jovens que começão a lutar politicamente contra o capitalismo. Marx queria a ditadura do proletariado que chegar ao poder contra o proletariado que não chegar ao poder. Foram principalmente Jacques Ellul e George Orwell quem me libertaram. Hoje meus heróis de verdade são Leon Tolstoi e Henry David Thoreau, entre vários outros.
    Comecei a conhecer Paulo Freire no curso de História, entre 2004 à 2006, em práticas pedagógicas. Mas nesta época esquecia quase tudo que eu lia, apenas guardei os comentários que as professoras falavam. Mas nutria um profundo respeito e admiração. Lia comentários ao longo de minhas leituras.
    Em 2001 eu tinha mais interesse pela área de exatas. Acabo decidindo pela área de humanas para ter matérias de sociologia e poder resolver os problemas da sociedade. Penso até em entrar para um seminário, estudar filosofia e demais matérias de humanas. Acabo escolhendo por história. É na faculdade que me desperta mais o interesse em bater no peito e falar “eu sou professor”. Mesmo fazendo o curso de história, eu dava mais aulas particulares de matemática.
    Em 2014 ou 2015 assisti trechos de um documentário na TV Escola. O item que mais me impactou foi o fato de Freire valorizar o diálogo em sua prática pedagógica. Escrevi um breve comentário a respeito deste diálogo em meu mural no Facebook, mas coisa simples.
    Em 2015 minha irmã me empresta o livro Pedagogia da Autonomia. Li e me apaixonei. As principais coisas que nunca vão sair de mim é o fato de tratar e valorizar o aluno como Agente da História, como uma pessoa que pensa e é responsável por si em seu lugar no mundo, não apenas ser um paciente que recebe a ação da escola.
    Sempre leio qualquer livro e imagino outros fatores, isto pode me desconcentrar em termos de fixar os dados do livro. Mas pode me ajudar a enxergar além do que o autor pretendia. Sempre imaginei que um pedagogo nunca pode ficar preso apenas a questões de pedagogia, mas tem que saber várias outras ciências e assuntos para ser um bom professor. Esta interdisciplinaridade eu vi em Paulo Freire ao ler seu argumento que defende os árabes (povo oprimido pelos judeus), mas condenou os ataques terroristas nas Olimpíadas de 1972 em Munique. Gostei de ver que um pedagogo tem que saber de história, religião, atualidades, etc., além de matemática, música e ter aptidão física, praticar esportes para ter saúde e descanso mental.
    Outro ponto que me tocou em Pedagogia da Autonomia é que em comentários sobre como a mídia cobriria uma greve, Paulo Freire falou que toda Grande Mídia vai falar que é imparcial, e nunca vai assumir que está do lado dos patrões! Não sei se Freire lutou contra a Rede Globo como Leonel Brizola, mas sei que seu nome é até hoje abafado e esquecido, não tendo seu devido valor e reconhecimento.
    Nunca posso escrever um assunto me limitando apenas neste assunto. Tudo que eu escrever vou fazer comparações com outros assuntos diferentes, não para fugir do tema, mas para auto-explicar melhor, fazer correntes e conexões.
    Peguei outro livro de Paulo Freire na biblioteca do CAC onde eu trabalho. Li sobre a experiência de Angicos no Rio Grande do Norte, em que 300 trabalhadores foram alfabetizados em 45 dias. Não sei se Freire trabalhando sozinho ou com voluntários. Mas esta parece-me uma das maiores formas de libertação e de como consertar o mundo.
    Este projeto ou experiência de Angicos estava se espalhando pelo Brasil, mas como toda história e sonho tem um final triste, foi interrompida pelo Golpe Militar de 1964. Neste livro, falava-se de uma possibilidade das massas terem poder de decisão política, o que incomodaria as oligarquias nordestinas e brasileiras como um todo. Mas até hoje (2014 – 2015) o povo sabe que os mesmos partidos que manda no país (PT, PSDB, etc.) somente roubam e o povo continua votando neles. O que eu critiquei neste livro é que não adianta saber ler para votar, o povo tem que conhecer a realidade para cobrar dos governantes: Isto é Diálogo Igualitário.
    O povo para cobrar tem que saber Matemática Subversiva. Tem que saber o orçamento do Brasil em bilhões e trilhões e dividir pela população e saber a renda per capta e o que é gasto e roubado por pessoa. Tem que saber dividir os um trilhão e 700 bilhões de reais arrecadados em impostos com os 203 milhões de habitantes. E com uma educação financeira, saber que o Brasil e o mundo seriam perfeitos se houvesse igualdade e não houvesse desperdício. Além dos 972 bilhões roubados dentro da lei com os Títulos do Tesouro. 
    Outro ponto que eu comparei foi a eleição para O Maior Brasileiro de Todos os Tempos. Se a eleição fosse hoje, eu votaria em Paulo Freire. Sei que existem outros anônimos talvez muito mais importantes, mas pelo que conheço, a melhor forma de caridade é a educação.
    Paulo Freire foi muito maior em termos sociais que Chico Xavier. Chico Xavier atingiu a perfeição de não ter nenhum interesse por bens materiais e doar todo aos pobres em obras de caridade. Com humildade e gestos concretos de amor pelo próximo. Mas Chico Xavier nunca teve coragem de cortar o mau pela raiz. Não incomodava as elites econômicas e ideológicas. Não denunciou o que estava errado na sociedade para corrigi-la. Não lutou contra a ditadura militar, poderia ter recebido espíritos torturados e denunciado os porões da ditadura (meu corpo está enterrado em tão lugar, fui torturado a mandos do general (nomes)). Poderia muito bem ter recebido os espíritos de Vladimir Herzog, Rubens Paiva, Anísio Teixeira, entre vários outros pacifistas. Marighella e Lamarca queriam outra ditadura marxista tão cruel quando a norte-americana (1964).  
    Até mesmo no meio espírita, consideram Jesus muito superior à Chico Xavier. Na minha opinião, porque Jesus enfrentou o Império Romano sem medo, e Chico Xavier teve medo da ditadura militar no Brasil.
    Não sei se Paulo Freire abriu mão de seus bens materiais, mas a alfabetização vale mais que uma caridade paliativa.
    Em resumo, na eleição O Maior Brasileiro de Todos os Tempos, realizado pelo SBT, Chico Xavier ficou em primeiro lugar. Paulo Freire ficou em 55º lugar. Atrás de artistas descartáveis, eleitos por um público descartável. Padre Landell de Moura ficou em 90º. Confira a lista para rirem.
    Até hoje, quase não vejo o nome de Paulo Freire na Grande Mídia.
    Chico Xavier era passivo. Paulo Freire era pacifista.
    Fico indignado com a burguesia kardecista que conheço com sua hipocrisia e farisaísmo. Eles fazem caridade com o que sobram e aceitam e defendem a concentração de riqueza natural e como justiça divina!
    Não podemos desviar o assunto ou tema de nosso texto ou artigo, mas não podemos deixar de fazer comparações.
    Os kardecistas que eu convivo sempre enchem a boca ao falar em “espíritos iluminados” como Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier, Martin Luther King Jr., Mahatma Gandhi, e alguns outros. Mas tem vergonha de falar que estes dois últimos que citei (Luther King e Gandhi) usaram a Desobediência Civil para alcançar seus objetivos sem usar de violência! Os kardecistas que eu conheço preferem defender um governo e um sistema de comunicação que incentiva a violência e responsável por mais de 50 mil homicídios por ano no Brasil. “Quem fala somente em paz e não age radicalmente, não tem amor, tem indiferença!”.
    Por efeito de solução para os problemas sociais, nunca podemos nos pautar em apenas um princípio ou mandamento, precisamos de dois. Precisamos de que todas as pessoas tenham diálogo de igual para igual com qualquer pessoa. Se a outra pessoa não entende nosso diálogo, nós desobedecemos.
    Em uma fórmula: Precisamos de Diálogo Igualitário, se “eles” não nos ouvirem, a única coisa que podemos fazer é agir com Desobediência Civil.
    Eu vejo um discurso anarquista em Paulo Freire mesmo ele se assumindo como marxista. Lembro que Marx nunca propôs um sistema educacional para libertar as pessoas. Pois já mal intencionado, Marx sabia que a educação liberta as pessoas, por isto se omitiu. Em meu artigo de conclusão de curso em pós-graduação em Políticas Públicas e Gestão Social, pela UFJF, li e escrevi Comparações entre Anarquismo e Comunismo. Não vi nada em pedagogia marxista, mas vi uma grande preocupação pedagógica por parte dos anarquistas.
    Talvez a única coisa boa que tiramos do socialismo ou comunismo é a crítica à classe dominante. Este discurso e esta crítica aliena os jovens que se apaixonam pela primeira (muitas vezes falsa) esperança de consertar o mundo. Esta mesma falsa esperança acaba prejudicando mais que ajudando. Leia sobre O Massacre dos Anarquistas de Barcelona. A Revolta de Kronstrandt, Marx e o Satã, de Richard Wurmbrand; Khmer Vermelho, Coréia do Norte, fuzilamentos à mando de Che Guevara, entre muitos outros.
    Comparo a ideia anarquista no subconsciênte de Paulo Freire com o episódio 13 da série Cosmos, de Carl Sagan. O episódio chamado Who Speaks for Earth? Sabemos que a tradução para o português é Quem fala pela Terra?, mas infelizmente a versão para o português brasileiro é Quem pode salvar a Terra? O que eu discordo nesta tradução para o português brasileiro é que o título Quem fala pela Terra? é muito mais específico que Quem pode salvar a Terra?. Uma vez que a segunda tradução pode lembrar frases e mensagens bonitas da ONU, que encanta muita gente mas além de não cortar o mal pela raiz, defende os crimes de guerra dos seus países membros.
    Na tradução dos DVD's da série Cosmos pela editora Abril, está ainda pior, traduziram o episódio 13 como: O futuro da Terra. 
    Quem fala pela Terra? dá uma ideia maravilhosa de todas as pessoas pertencerem à espécie humana. Acabando com toda forma de patriotismo, nacionalismo e todos os sentimentos malditos que separa o ser humano em países e Estados Nacionais.
    Carl Sagan na série Cosmos dá uma ideia de maniqueísmo libertário em fazer heróis e vilões. Heróis como sendo Eratóstenes que criticava Aristóteles que defendia a escravidão. Carl Sagan andando pelas margens do oceano fala que carregamos uma carga perigoso, como “Submissão aos Líderes”. “As fronteiras nacionais não são evidentes se observadas do espaço”.
    Explicando as conexões: O que tem haver Carl Sagan com Paulo Freire?
    Ambos tinham uma visão anarquista. Poderiam ser visões diferentes, mas eram humanitárias. Pode ser que eu interpretei algo que eles não falaram. Mas eu consegui enxergar esta conexão. Não fiz anacronismo nem invencionismo, apenas interpretei esta visão anarquista. Sem nacionalismo, sem opressão, sem submissão aos líderes.
    Eu posso dialogar, mas nunca colocar falas na boca de ninguém. Mas posso sempre falar: “Eu acho”, “eu interpreto”. 
    Voltando a falar sobre Paulo Freire, tenho que retomar duas das palavras mais fortes e importantes em sua pedagogia. As palavras sujeito e agente. Que se opõem as palavras paciente e aceitador.
    Todas as pessoas têm que ser sujeito.
    Todas as pessoas têm que ser agente.
    Uma criança é uma pessoa, não é um animal de estimação. Uma criança nunca pode ser tratada como coitadinha, incapaz ou um ser que não pode tomar sua própria decisão. Defendo que uma criança não tem base informacional para debater com um adulto, em virtude da experiência de vida e informações; mas sabe o que está querendo.
    Uma criança tem que ser sujeito e agente de sua educação. Criança que sabe ler e escrever tem que ter direito de votar em eleições. Não somente votar, mas cobrar dos governantes, coisa em que os adultos querem ser pacientes e aceitadores.
    Defendo tratar as crianças como adultos e tratar os adultos como crianças.
    Tratar as crianças como adultos é ouvir e respeitar suas opiniões. Sabendo que elas são seres que pensam, tem vontade e responsabilidade.
    Tratar os adultos como crianças é tratar com carinho, amor e respeito. Ter sensibilidade e pureza para conversar.
    Para mim, ser crianças para sempre é querer aprender para sempre e ser uma pessoa bondosa e amorosa para com a humanidade. Querer ser útil e não pensar em riquezas, ganâncias, nem coisas inúteis que destroem a natureza e a sociedade.
    Paulo Freire fala muito em desmistificar. Se você desmistifica alguma coisa, você aprende melhor sobre esta coisa e evita os demais tipos de supertições e fanatismos.
    Eu posso falar sobre Diálogo Igualitário que:
    “Se ele não nos escuta, nós não o obedecemos”.
    Esta frase é a melhor para resumir nosso breve artigo. Se os governantes e os patrões não nos escuta, não nos compreende, nós simplesmente não obedecemos a eles. Em uma perfeita união de Desobediência Civil com o Diálogo Igualitário.
    Se o governo não obedece à população, é um direito inalienável a população não obedecer ao governo.
    Se o patrão não obedece aos empregados, é um direito inalienável os empregados não obedecer ao patrão.
    Assim como Jesus no ato do Lava Pés, disse que o líder deve fazer os trabalhos e serviços dos “menores”. Não em um sinal de dependência, mas em um sinônimo de igualdade, não existir patrões nem empregados, nem líderes nem liderados, nem governantes nem governados; mas todos serem iguais.
    Assim como eu me tornei cristão por ser comunista, com o versículo Mateus 19,21; na parábola do Jovem Rico. Hoje o versículo que eu, agora anarquista cristão mais cultuo é João 15,15. Que diz: “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer”.
    Igualdade econômica e de poderes já foi debatido por nós. Agora uma fala mais direta e objetiva é Igualdade de falas, ordens, obediência e decisão.
    Vale lembrar que fim das desigualdades não é necessariamente fim dos problemas sociais. Mas o fim das desigualdades, dá direito de todos se defenderem, e reduz em mais de 90% os problemas sociais. Em tudo existe semelhanças e diferenças.
    Se haver educação, acaba qualquer tipo de desigualdade. Pois se as pessoas tiverem acesso ao conhecimento, saberá seus direitos e deveres e cobrará do governo e não aceitará a submissão. Com a educação acaba também com os problemas sociais. Em bases das ideias de Aaron Swartz em seu Manifesto da Guerrilha Open Access de 2008.
    Não queremos uma educação apenas de passar conhecimento. Queremos uma educação para a sustentabilidade e não acumular bens materiais.
    Encerro este artigo não com uma frase de Paulo Freire, mas com uma frase minha que eu já postei em meu Twitter. Mas eu só a fiz pois tive base de muitos gigantes, mesmo assim ela pode se melhorada.
    “Para consertar o mundo é só educar para dividir igualmente o poder e a renda”.
    Mas para atualizar esta frase, acrescento que:
    “E educar para não competir, mas educar para formar amizades e valoriza o ser humano e a vida”.

    Muito obrigado pela atenção.
    Que Deus abençoe vocês e toda família.
   
    Atenciosamente:

    Júlio Claudionor Fófano Júnior


    Referências:

    Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. Paulo Freire. ISBN 85-219-0243-3 Editora Paz e Terra Código de Barra 9 788521 902430
    Paulo Freire Conscientização. Teoria e prática da libertação: Uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. Editora Moraes. 1980. 3ª edição. CDD-374.0120981.

http://www.paulofreire.org/

https://pt.wikipedia.org/?title=Paulo_Freire

https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Maior_Brasileiro_de_Todos_os_Tempos

http://www2.uesb.br/pedh/wp-content/uploads/2014/02/Pedagogia-da-Autonomia.pdf

http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/paulofreire/paulo_freire_pedagogia_da_esperanca.pdf

http://final21.net/files/DIVERSOS/ERA%20KARL%20MARX%20UM%20SATANISTA.pdf

    Agradeço ao meu amigo João Vitor Iasbik pelas fotos tiradas com eu lendo os livros de Paulo Freire e com a camisa Desobediência Civil.

    Muito obrigado pela atenção.
    Que Deus abençoe vocês e toda sua família.

    Atenciosamente:

    Júlio Claudionor Fófano Júnior

Um comentário:

  1. Except that Chico went out to people and talked with them and helped them. Freire mainly wrote and discussed with other scientists. Everyone has a different way of influencing the social reality. I am a proponent of active, not closed, academic method.

    Dr. Puthof

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